por João Victor
O ano era 2010, mais precisamente nos meses de abril e maio. As duas lutas principais dos eventos do UFC desses meses foram disputas de cinturão protagonizadas por brasileiros (UFC 112: Silva vs. Maia – que vendeu 500k de PPV e UFC 113: Machida vs. Shogun – que faturou mais de 520k de PPV). Eram tempos áureos, o MMA brasileiro estava em crescimento, nossos lutadores no auge e supervalorizados.
Pouco tempo depois, em 2011, tínhamos nada menos do que três campeões brasileiros no UFC. Éramos respeitados como se não a melhor, uma das melhores nações do mundo em se tratando de MMA. Por consequência disso, o UFC desembarcou no Brasil e a empresa se solidificou por aqui. Hoje temos inclusive um escritório exclusivo do UFC em nosso país (São Paulo), encarregado de casar as lutas dos cards nacionais, além de dar o suporte que os lutadores precisam.
Mas peraí, o que mudou hoje em dia? Vamos analisar alguns fatos que ocorreram recentemente: José Aldo perde para Conor McGregor e mesmo tendo uma invencibilidade de DEZ ANOS não lhe é concedida a revanche imediata. Mesmo vencendo Frankie Edgar e esperando Conor se resolver contra Nate Diaz, Aldo acaba tendo que sentar e esperar mais um pouco… A ponto de se irritar e anunciar a sua aposentadoria precoce e insatisfação com a organização.
Ronaldo Jacaré DESTRUIU Vitor Belfort, estava no topo do ranking e disponível para lutar em outubro. Mas, a chance pelo cinturão dos pesos-médios contra Michael Bisping foi concedida a Dan Henderson (sem querer diminuir a história e legado do veterano de 46 anos, que vinha de um retrospecto recente irregular). “Minha opinião é a seguinte: ele (Dan Henderson) desrespeitou uma divisão inteira. Tinham 14 atletas na frente dele. O UFC permitiu que isso acontecesse, mas é bola pra frente. Infelizmente está acontecendo isso, mas tenho que levantar a cabeça. Estou focado no Rockhold e vou pegar meu cinturão”, criticou, e avisou Jaca.
Anderson Silva salvou o UFC 200, isso mesmo, salvou! Cormier vs. Jones era a luta do card que mais atraía a atenção do público, e caiu em cima da hora. Spider aceitou o desafio faltando dois dias e sabendo, obviamente, que as chances de vencer eram muito pequenas. Mesmo assim, recentemente o ex-campeão desabafou sobre o tratamento recebido pelo UFC. “Não recebi nem um ‘muito obrigado’ do Dana (White) ou do Lorenzo (Fertitta) depois da última luta. Claro que fui eu quem quis lutar, quem aceitou o combate, mas sei do meu valor, da minha importância. Fiquei muito decepcionado com a falta de respeito que o UFC tem tratado os atletas brasileiros. Sou um atleta que levou o esporte ao outro nível. Não recebo, nem recebi, o devido respeito das pessoas. Isso me deixou muito chateado, triste e desapontado”.
Para finalizar, Geovani Decker, presidente do UFC no Brasil, que vinha executando um excelente trabalho, realizando edições históricas como UFC 198: Werdum vs. Miocic, em Curitiba, pede demissão. Ao que tudo indica foram divergências e insatisfação com o evento que levaram o gaúcho a deixar o cargo (isso pode ser notado pelos fracos cards de Fight Nights desse ano no Brasil: Cyborg vs não sei quem, Barão vs Não sei quem, Bader vs Minotouro: zzzZZZzzzZZZzzz).
Coincidentemente ou não isso tudo ocorreu depois que a ZUFFA vendeu o UFC. Seria a nova empresa no comando que está nos boicotando?
Não sei responder ao certo o que está acontecendo, mas algo me diz que se José Aldo e companhia começassem a xingar em inglês, fizessem tumultos como a ridícula guerra de garrafas e latinhas de energético entre McGregor e Diaz na coletiva do UFC 202 teriam tido suas exigências atendidas, como a revanche imediata de Aldo que não aconteceu.
Os brasileiros não sabem jogar o jogo. Isso é uma pena. Apesar de esse jogo não ser necessariamente certo – é o que está sendo jogado, infelizmente. Quem não mexe as peças corretamente no tabuleiro, toma o xeque-mate.
Saudades do tempo em que os lutadores eram valorizados, e não somente o dinheiro.