Raoni Barcelos iniciou no Jiu-Jítsu aos cinco anos de idade por incentivo do pai, que até hoje é seu treinador. Conquistou o ouro no Mundial na faixa- azul e na faixa-roxa. Resolveu se testar na Luta Olímpica (Wrestling) e de repente já fazia parte da seleção brasileira. Faturou títulos importantes como o bi-Sulamericano e o penta-Brasileiro. Em 2012 estreou no MMA profissional e enfileirou quatro adversários no Shooto Brasil, derrotando três deles no primeiro round. Raoni fecharia aquele ano com chave de outro, conquistando o cinturão dos pesos-penas desse que é um dos maiores eventos do país. Merecidamente veio o reconhecimento pelo trabalho e o carioca recebeu o Prêmio Osvaldo Paquetá de “Revelação do Ano”.
Destaque no MMA nacional, Raoni tentou entrar no TUF Brasil, uma porta para o UFC. Não deu. Surgiu a oportunidade de alçar voos maiores. Então, ele se aventurou “lá fora” e não demorou para atropelar mais oponentes duros, encarar um tropeço em meio ao objetivo final, e na garra, tornar-se campeão dos penas do RFA ao derrotar Ricky Musgrave por decisão unânime, em agosto de 2015. O faixa-preta ainda defenderia o título com um nocaute avassalador sobre Dan Moret, em outubro de 2016. Veio a contratação para estrear no UFC São Paulo contra Boston Salmon , em outubro de 2017, mas para a sua enorme frustração o adversário se lesionou e mais uma vez Raoni adiava o sonho. Demorou, demorou, mas valeu a espera.
De Marechal Hermes no subúrbio do Rio de Janeiro para o mundo. Lá estava ele no último sábado, 14 de julho, no card do UFC Boise – Idaho (EUA) e como zebra. A zebra dessa vez matou o leão e contrariou as casas de apostas, dando um show, recebendo por méritos de quem chegou para ficar, o bônus de “Luta da Noite”. A estreia em grande estilo não poderia ser melhor: um nocaute brutal – uma sequência de socos para cima do americano Kurt Holobaugh, colocando um ponto final naquele capítulo com um upper, o golpe que o seu herói, o seu maior fã, o seu pai Laerte Barcelos gritava do córner: “Upper”. O golpe entra. Kurt desaba. A emoção toma conta de quem conhece a história e vivencia aquele instante de glória. Raoni comemora de joelhos. Chora. Olha para o pai como quem diz: Conseguimos! E depois vem o abraço apertado da lenda Pedro Rizzo, tão “paizão” quanto Laerte, quem sempre apostou todas as fichas nesse talento verde e amarelo. O caminho até o cinturão do Ultimate, agora, torna-se curto. Você chegou e com sangue nos olhos. Voa, Raoni.
Vídeo do momento do nocaute no UFC Boise: